Nos 30 e desempregada: a saga do subsídio (2)

1. Quando, em Julho, a senhora da segurança social me disse para lá voltar na semana seguinte enganou-se (ver aqui). O que ela devia ter dito é que eu passaria a ir TODAS as semanas à segurança social, pelo menos uma vez, passar uma manhã ou tarde (com sorte) à espera da minha vez.

2. Fica aqui a ideia que tive na altura, caso os senhores da SS queiram aproveitar, de acrescentar nos manuais de procedimentos que quando um trabalhador independente tiver a ousadia de requerer o subsídio por cessação de actividade, adverti-lo que essa decisão implicará ir semanalmente à SS. Uma vez que deslocações e tempo perdido acarretam custos e face ao montante dos subsídios é conveniente o trabalhador ponderar bem.

3. Só me consigo lembrar do riso abafado da senhora da linha de apoio da SS…Confirma-se que quando a esmola é muita, é mesmo para desconfiar.

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4. Resumindo, e omitindo muitas horas de espera, muitos “ó minha senhora” e inúmeros”é o sistema…”, a informação que me dão é que a secção de independentes tem de comunicar à secção de desemprego que a situação contributiva está regularizada para que esta processe os pagamentos. Parece simples. Mas ligou-se para uma secção, depois para a outra, fizeram-se requerimentos, enviaram-se comunicações e nada. Zero. Nem resposta para mim nem a ninguém. Apenas o volte na próxima semana.

5. Depois de muitas visitas à SS. da minha área de residência sem sucesso resolvi tentar a minha sorte no serviço de atendimento do Areeiro. Liguei, fiz a marcação (para um mês depois claro) e no dia e hora marcado apresentei-me na recepção do serviço:

J.: Bom dia, eu tenho uma marcação para as 11h.

Recepcionista: Sim, com certeza, tem de tirar senha e já chamam pelo número.

J.: Mas se é preciso tirar senha por que é que tive de marcar?

Recepcionista: É o sistema.

Não há argumento que bata o sistema, já aprendi. Sentei-me.

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6. Chamam o meu número. Relato pormenorizadamente a situação. A senhora diz-me que afinal aquele é o balcão errado. Tenho de esperar que chamem de novo no balcão dos independentes. Espero que chamem o meu número. Volto ao relato. Entrego a notificação relativamente ao pedido do subsídio. Tecla qualquer coisa, faz scroll duas vezes e diz:

Senhora antipática: A senhora não tem a actividade fechada.

J.: Como assim não tenho a actividade fechada?! Eu entreguei o comprovativo das finanças na SS. imediatamente, e até me disseram que não era necessário pois as finanças cruzavam os dados com a SS e até tenho o pedido do subsídio deferido, como posso não ter a actividade fechada?!

A partir daqui a situação descarrilou rapidamente o meu discernimento ficou toldado. Só me lembro de chegar a casa e olhar para o papel que a senhora me deu e reparar que não tinha nem o meu nome nem o meu NISS. Bonito, com a sorte que tenho de certeza que estava a ver a ficha de outra pessoa e na minha não fez alteração nenhuma. Só comigo mesmo.

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7. Reúno coragem e volto ao serviço informativo. Peço uma senha de atendimento geral ao segurança. Diz-me que não há. Entro imediatamente em modo loucura burocrática. “Traga-me o livro de reclamações. Não saio daqui sem ser atendida.”

8. Chega o livro de reclamações e traz agarrada a chefe do serviço. Pergunta se pode ajudar. Agora é queres ajudar?! Depois de contar a história toda pela enésima vez, liga para alguém e arranja-me uma senha para ser atendida.

9. Espero mais 45 minutos e chega a minha vez. Explico a situação, a chefe aconselha a ligar para a secção de desemprego a perguntar qual é o problema. Eu consigo ouvir as senhoras do lado de lá da linha maldispostas. Dizem que a secção de independentes não dá resposta. Liga-se para a secção de independentes e coloca-se a questão. Oiço a chefe do serviço do lado de lá a reclamar, dizendo que tem o processo em cima da mesa a aguardar que seja feita a pergunta certa. WTF?! Mas isto é algum concurso de televisão?

10. Depois de muita, mas mesmo muita, discussão e insistência, a senhora que me estava a atender e que fez as chamadas, desligou o telefone, suspirou e olhou para mim. Visivelmente esgotada, diz-me: o processo não anda porque a secção de desemprego perguntou à secção de independentes de a contribuinte tinha dívidas. A resposta foi não. Mas…para a secção de desemprego andar com o processo para a frente precisa de saber é DESDE QUANDO não há dívida. Portanto, enquanto a secção de desemprego não fizer a pergunta, à secção de independentes de qual é DATA da regularização da dívida, a secção de independentes não envia essa informação. É o sistema…venha cá na próxima semana, pode ser que haja novidades.

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J.

6 pensamentos sobre “Nos 30 e desempregada: a saga do subsídio (2)

  1. mariajoao83

    Já passei por isso há dois anos, depois de uns 8 anos como trabalhadora independente… para o estado 😂 No meu caso consegui resolver a coisa mais rapidamente, mas estive quase para não receber. A minha sorte foi ter entregue o anexo H quando fiz o IRS do ano anterior. Esse anexo era, supostamente, opcional para os independentes. Mas se não o tivesse comigo não iria receber um cú 😂😂😀

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    1. janos30

      :O mas eu entreguei o anexo H! E, aliás, fiz tudo certinho e direitinho mas pelos vistos é mesmo uma questão de sorte. Da próxima vez que lá for levo um kit: ferradura ao pescoço, trevo de 4 folhas na orelha e pata de coelho na mão!

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      1. mariajoao83

        Volta a pedir o livro de reclamações. Há uns anos queriam cobrar-me mensalidades que já tinha pago à Segurança social. Aliás, mudei de escalão e devia pagar menos, mas avisar que é bom ’tá quieto! Portanto andava a pagar a mais e eles ainda diziam que não tinha pago as contribuições. Fartei-me e pedi o livro. Fiquei com uma cópia da reclamação. Uma semana depois nova reclamação. Foi preciso ameaçar com a terceira para a responsável se mexer! Tens de bater o pé porque esse é um direito teu. ‘Tamos juntas 😂😂😂

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  2. janos30

    Acho inacreditável que a principal função do livro de reclamações seja acelerar os procedimentos. Mas enfim..”é o sistema”. Se ouvirem nos noticiários que há alguém barricado numa SS, devo ser eu! Obrigada 😛

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